Exercício: Barroco
01. (UPE 2014) Sobre a produção dos
principais ícones da estética barroca brasileira, analise os itens abaixo:
I. O Sermão da sexagésima, que é
metalinguístico e um dos mais conhecidos de Vieira, apresenta, como tema, a
própria arte de pregar. Como se pode notar no trecho: “[...] como os Apóstolos
iam pregar a todas as nações do Mundo, muitas delas bárbaras e incultas, haviam
de achar os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de
achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens
pedras [...]“.
II. No trecho do Sermão do bom ladrão ‐
“Alguns ministros de Sua Majestade não vêm cá buscar o nosso bem, mas cá
vem buscar os nossos bens”, ‐ observa‐se
que, na passagem “Vem cá versus cá vem o nosso bem versus os nossos bens”, a
oposição singular versus plural é bastante significativa, pois assegura
a distinção entre o concreto e o abstrato, o que também é reforçado pela
polissemia do verbo “buscar”, equivalente a “promover”, no primeiro caso e a
“apossar‐se”, no segundo.
III. O Sermão do bom ladrão, publicado
em 1655, exemplo do estilo conceptista de Vieira, traz, em tom jocoso,
referências universais e atemporais do ato de furtar, produzido por autoridades,
como se vê em: “O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno:
os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões de maior calibre
e de mais alta esfera [...]”.
IV. Marcada pelo dualismo da tendência
barroca, quase sempre em estilo cultista, a poesia lírica amorosa de Gregório
de Matos ora apresenta a mulher como um ser ideal, espiritualizado e de postura
platônica, ora a apresenta de maneira erótica, como um elemento de desejos
mundanos, como fica sugerido no trecho:
“Mas vejo, que por bela, e por galharda
/ Posto que os Anjos nunca dão pesares, / Sois Anjo que me tenta, e não me
guarda”.
V. Em sua poesia satírica, Gregório de Matos,
por respeito aos religiosos, deixou de retratá-los e censurou apenas as mais
diversas figuras civis e militares do Brasil de então. Assim também o fez com
as contradições do sistema colonial vigente no país. A exemplo do que se afirma
nos versos “Triste Bahia! Ó quão dessemelhante / Estás e estou do nosso antigo
estado! / Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, / Rica te vi eu já, tu a mi abundante”.
Estão corretos, apenas,
a) I, II, III e V. b) II, III, IV e V. c) I, II, IV e V.
d) I, II, III e IV. e) I,
III e V.
Soneto
II
(Descreve um horroroso dia de trovões)
Na
confusão do mais horrendo dia
Painel
da noite em tempestade brava,
O fogo
com o ar se embaraçava
Da terra
e água o ser se confundia.
Bramava
o mar, o vento embravecia
Em noite
o dia enfim se equivocava,
E com
estrondo horrível, que assombrava,
A terra
se abalava e estremecia.
Lá desde
o alto aos côncavos rochedos,
Cá desde
o centro aos altos obeliscos
Houve
temor nas nuvens, e penedos.
Pois
dava o Céu ameaçando riscos
Com
assombros, com pasmos, e com medos
Relâmpagos,
trovões, raios, coriscos.
Gregório de
Matos.
02. (UPE 2014) Considerando o texto, tanto no
âmbito da estrutura da linguagem quanto no âmbito da temática, analise as
afirmativas a seguir:
I. O eu lírico na poesia em análise ironiza a
situação climática e deflagra certo telurismo sacro.
II. O eu lírico, desde a primeira até a
última estrofe, demonstra sentir receio.
III. O dia, caracterizado como “horrendo”,
impressiona o eu lírico e o amedronta.
IV. “Em noite o dia enfim se equivocava” é um
verso que ratifica a tendência eufêmica do autor.
V. “A terra se abalava e estremecia”, embora
seja uma expressão exagerada, coaduna-se com o tema central do texto.
Estão corretas:
a) I, II e III. b) I, II e IV. c) II, III e IV. d) II, III e V. e) III,
IV e V.
03. (UPE 2014) Considerando os estudos sobre
os fundamentos sociais e históricos, estéticos e ideológicos, que sustentam a
literatura barroca no Brasil, assinale a alternativa correta.
a) A literatura seiscentista ou a literatura
barroca, como também é conhecida no Brasil, tem, nas figuras de linguagem
eufemismo e oximoro, suas principais referências lexicais.
b) Um texto barroco, quando assim
caracterizado, reflete a imagem de um ser humano harmônico com os seus
pensamentos e sentimentos, com suas ideologias e identidades
c) A poesia barroca de Gregório de Matos
assim como a prosa barroca de Padre Antônio Vieira possuem diferenças que as
contrapõem de modo decisivo.
d) A antítese, o paradoxo e a hipérbole são
figuras de linguagem sazonalmente utilizadas nos textos barrocos, logo, a
poesia barroca tende a ser por demais referencial.
e) Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira
são importantes escritores da literatura seiscentista cujos textos são
relevantes para a literatura brasileira da época.
E pois cronista sou
Se souberas falar também falaras
também satirizaras, se souberas,
e se foras poeta, poetaras.
Cansado de vos pregar
cultíssimas profecias,
quero das culteranias
hoje o hábito enforcar:
de que serve arrebentar,
por quem de mim não tem mágoa?
Verdades direi como água,
porque todos entendais
os ladinos, e os boçais
a Musa praguejadora.
Entendeis-me agora?
Permiti, minha formosa,
que esta prosa envolta em verso
de um Poeta tão perverso
se consagre a vosso pé,
pois rendido à vossa fé
sou já Poeta converso
Mas amo por amar, que é liberdade.
(Gregório de Matos)
04. (Covest)
0-0) ‘Boca do Inferno’ é o apelido que
Gregório de Matos recebeu por dedicar parte de sua produção poética à crítica,
muitas vezes satírica, à corrupção e à hipocrisia da sociedade baiana.
1-1) Na primeira estrofe, o poeta considera
que, se seu interlocutor soubesse falar, satirizar ou poetar, assim como sabe o
poeta, não calaria seu poder de crítica.
2-2) No poema é invocada a Musa praguejadora,
como alusão à Musa inspiradora, levando, assim, o leitor a inferir que o poeta
fará uma crítica maldizente.
3-3) Ao final do poema, o eu poético declara
amar a liberdade, dando a entender que se sente bem em falar de sua poesia,
visto que é livre e ama a liberdade.
4-4) O poema em análise é característico da
estética barroca, pois, do ponto de vista estilístico, joga com os opostos,
fazendo uso frequente da antítese.
05.(EPCAR)
A
Jesus Cristo Nosso Senhor
Pequei,
Senhor; mas não porque hei pecado,
Da
vossa alta clemência me despido;
Porque
quanto mais tenho delinquido,
Vos
tenho a perdoar mais empenhado.
Se
basta a vos irar tanto pecado,
A
abrandar-vos sobeja um só gemido;
Que
a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos
tem para o perdão lisonjeado.
Se
uma ovelha perdida e já cobrada
Glória
tal e prazer tão repentino
Vos
deu, como afirmais na sacra história,
Eu
sou, Senhor, a ovelha desgarrada
Cobrai-a;
e não queirais, pastor divino,
Perder
na vossa ovelha a vossa glória.
(Gregório
de Matos)
I
- A primeira estrofe enfoca o perdão, a falta (pecado) e a esperança
experimentados pelo poeta.
II
- A segunda estrofe explora oposição através das palavras irar/abrandar.
A misericórdia do Senhor é maior do que os pecados do poeta.
III
- O primeiro terceto faz uma alusão à ovelha perdida, que aparece em uma
passagem bíblica. A ovelha, no entanto, é “cobrada” por causa do comportamento
errado dela.
IV
- No segundo terceto, o poeta ainda se volta para Deus, lembrando o caso da
ovelha desgarrada. O “Senhor” deve ser exigente com a ovelha, pois se não fizer
isso pode, a ovelha, perder a glória.
Estão
INCORRETAS apenas
a)
I e II. b) II e III. c) I e IV. d) III e IV.
06.
(EPCAR) Analise o fragmento abaixo e as afirmações que sobre ele são feitas.
“(...)
Parece-nos bem isto, peixes? Representa-se-me que com o movimento das cabeças
estais dizendo que não e, com olhardes uns para os outros, vos estais admirando
e pasmando de que entre os homens haja tal injustiça e maldade! Pois isto mesmo
é o que fazeis. Os maiores comeis os pequenos: e os muito grandes não só os
comem um por um, senão os cardumes inteiros, e isto continuadamente sem
diferença de tempos, não só de dia, senão também de noite, às claras e às
escuras, como também fazem os homens.”
(Padre Antônio Vieira)
I
- Trata-se de uma passagem de um sermão. Nele os homens são comparados a
peixes. Assim como um peixe devora outro, também o homem explora (come) outro
homem.
II
- O fragmento chama a atenção, também, para o tempo: os “peixes” se devoram o
tempo todo. Os homens também.
III
- Os ouvintes mostram-se admirados pelo que fala o pregador, pois, entre eles,
não existe tal injustiça. O pregador, diante do espanto dos ouvintes, faz uma
moderação tendenciosa no discurso: começa a falar de “peixes”, para não tocar diretamente
no problema da exploração.
IV
- O termo senão introduz uma exceção: nem todos dos “cardumes” se
comem.
Está
(ão) INCORRETA(S) apenas
a)
III e IV. b) I e III. c) II e IV. d) II. e) I e II.
07. Leia atentamente o poema abaixo:
Nasce o Sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se a tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(MATOS, Gregório. 25 poemas. )
A respeito
do soneto de Gregório de Matos, é INCORRETO afirmar:
a) O poeta, influenciado pelo classicismo, estabelece um paralelo entre
os processos naturais e o percurso humano.
b) O poeta, inspirado no desconcerto
do mundo camoniano, se queixa da brevidade da vida e da instabilidade do
mundo.
c) O poeta, apesar da visão pessimista, observa que o destino das
tristezas é de se transformarem em alegria.
d) O poeta, baseando-se numa constatação pragmática, afirma que a Luz e
a formosura estão destinadas a desaparecer.
e) O poeta, imbuído no espírito Barroco que enforma a sua poesia, vê o
mundo às avessas, em que o fugaz é o que permanece.
08. Na primeira estrofe do poema acima, a principal característica do
Barroco é:
a) A forte
presença de antíteses.
b) A
idealização da natureza como espaço bucólico.
c) O
emprego de sinestesia.
d) O
envolvimento subjetivo com os elemento da
natureza.
e) A preocupação religiosa.
09. Na
literatura, a crítica social foi exercida de várias formas nas escolas
literárias, sendo frequente a recorrência à ironia, à sátira e ao sarcasmo.
Sobre o tema, avalie as proposições abaixo.
0-0) O poeta barroco Gregório de Matos escreveu muitas poesias
satíricas, de feroz mordacidade, ridicularizando a sociedade colonial baiana de
então. Extravasou desta maneira seu desengano do mundo, transformando, em
alguns desses poemas, a realidade em caricaturas.
1-1) Pertencendo ao Arcadismo que floresceu em Minas Gerais, Tomás
Antônio Gonzaga fazia parte do grupo dos Inconfidentes, que tramavam a
independência do Brasil. E, por este motivo, ironizou os governantes e a
sociedade da época, no seu poema Marília de Dirceu, em protesto
aos desmandos e à autoridade exacerbada exercida pelo governador de Minas.
2-2) Pe. Antônio Vieira, barroco, em alguns dos seus Sermões, critica
a vida social brasileira e portuguesa do século XVII, valendo-se de metáforas e
referências, ora irônicas, ora sarcásticas, como no Sermão do Bom Ladrão,
e no Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as da
Holanda.
3-3) José de Alencar sempre descreveu, de forma crítica e com fina
ironia, no tratamento e na composição dos personagens, o comportamento da
Corte, espaço onde se situaram seus romances urbanos. Denunciou, assim, de
forma contundente, a hipocrisia das altas rodas do Rio de Janeiro.
4-4) Manuel Antônio de Almeida, em sua narrativa de costumes Memórias
de um Sargento de Milícias, já sinaliza com algumas das preocupações
que vão caracterizar o Realismo, por descrever, de forma exata e minuciosa os
usos, os costumes e as figuras típicas do Brasil do tempo de D. João VI. Com
personagens do povo, em situações quase sempre grotescas, sua narrativa faz uma
análise crítica e irônica dos costumes morais.
10. Sobre a
literatura transplantada pela colonização portuguesa, podemos afirmar que:
0-0) o teatro foi introduzido no Brasil pelos Jesuítas, no século
XVI, junto com a atividade de catequizar os índios.
1-1) a partir do século XVII, dissemina-se nos grandes centros de
produção açucareira principalmente Bahia e Pernambuco.
2-2) são autores do Barroco: Pe. Antônio Vieira, Gregório de Matos
e Cláudio Manoel da Costa.
3-3) em Gregório de Matos, aguça-se a oscilação da alma barroca
entre o mundo terreno e a perspectiva de salvação. Esse autor deixou uma obra
poética vasta e desigual, onde ressaltava como tema o amor, a religiosidade e a
sátira à vida colonial.
4-4) apesar de estar mais próximo da Literatura Portuguesa do que da
Brasileira, Pe. Antônio Vieira (português de nascimento) é considerado autor
brasileiro. Mistura em sua obra, Os Sermões, medievalismo,
messianismo, ideias avançadas e preocupação pelos costumes da sociedade
colonial que se formava.
11. (UPE)
ÀS RELIGIOSAS QUE EM UMA FESTIVIDADE, QUE CELEBRARAM, LANÇARAM A
VOAR VÁRIOS PASSARINHOS
DÉCIMA
Meninas,
pois é verdade,
não
falando por brinquinhos,
que hoje
aos vossos passarinhos
se concede
liberdade:
fazei-me
nisto a vontade
de um passarinho
me dar,
e não
devendo-o negar,
espero m’o
concedais,
pois é dia
em que deitais
passarinhos
a voar.
(Gregório de Matos. Poemas escolhidos.)
Sabe-se que Gregório de Matos, entre
outros textos, teria escrito poemas satíricos, de caráter erótico-irônico. O
poema acima é um exemplo disso. Os enunciados abaixo trazem alguns comentários
sobre esse poema e sobre o contexto histórico em que se insere. Analise-os.
I. A sátira gregoriana
consiste na brincadeira lançada a respeito de um fato que parece ter realmente
ocorrido, como nos sugere o título. O efeito sarcástico ocorre pela ambiguidade
da palavra ‘passarinhos’.
II. Foi
tomando por referência poemas como este, entre outras razões, que Gregório de
Matos ficou conhecido como ‘Boca do Inferno’.
III. O poema
pode ser considerado barroco, pois aborda, claramente, um tema religioso,
representado na figura das religiosas em ato de celebração.
IV. O
subtítulo ‘Décima’ faz referência ao poema de estrutura fixa, composto por uma
ou mais estrofes de dez versos. No Barroco brasileiro, esses versos costumam
dispensar o recurso à rima.
V. A antítese, recurso
retórico tão comum ao Barroco, predomina na composição deste poema, como
revelam sobretudo os quatro primeiros versos.
A afirmativa é verdadeira nos itens
a) II, III
e V. b) I e II. c) I, II e III. d) I, II e IV. e) II, IV e V.
Que falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
12. Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos:
a) o caráter de jogo verbal próprio
do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de sátira, do perfil moral
da cidade da Bahia.
b) o caráter de jogo verbal próprio
da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa lamentação pela falta de
fé do gentio.
c) o estilo pedagógico da poesia
neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de um autêntico
moralizador.
d) o caráter de jogo verbal próprio
do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do arrependimento do poeta
pecador.
e) o estilo pedagógico da poesia
neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta sobre o perfil
moral da cidade da Bahia.
13.
A gênese da formação da Literatura Brasileira se encontra no século XVI. Dela
fazem parte
a)
Os Lusíadas de Luís de Camões.
b)
as obras dos degredados, obrigados a prestar contas à Coroa Portuguesa.
c)
os escritos que, por gratidão, os donatários das capitanias mandavam a El-Rei.
d)
os relatos dos cronistas viajantes.
14. Assinale o texto que, pela linguagem e pelas ideias, pode ser
considerado como representante da corrente barroca.
a) "Brando e meigo sorriso se
deslizava em seus lábios; os negros caracóis de suas belas madeixas brincavam,
mercê do Zéfiro, sobre suas faces... e ela também suspirava."
b) "Estiadas amáveis
iluminavam instantes de céus sobre ruas molhadas de pipilos nos arbustos dos
squares. Mas a abóbada de garoa desabava os quarteirões."
c) "Os sinos repicavam numa
impaciência alegre. Padre Antônio continuou a caminhar lentamente, pensando que
cem vezes estivera a cair, cedendo à fatalidade da herança e à influência do
meio que o arrastavam para o pecado."
d) "De súbito, porém, as
lancinantes incertezas, as brumosas noites pesadas de tanta agonia, de tanto
pavor de morte, desfaziam-se, desapareciam completamente como os tênues vapores
de um letargo..."
e) "Ah! Peixes, quantas
invejas vos tenho a essa natural irregularidade! A vossa bruteza é melhor que o
meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com as palavras: eu
lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória: eu discorro, mas vós não
ofendeis a Deus com o entendimento: eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a
vontade."
Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e
vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é
culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o
roubar com muito, os Alexandres... O ladrão que furta para comer, não vai nem
leva ao inferno: os que não só vão mas que levam, de que eu trato, são os
outros - ladrões de maior calibre e de mais alta esfera... Os outros ladrões
roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo de seu
risco, estes, sem temor nem perigo; os outros se furtam, são enforcados, estes
furtam e enforcam.
(Padre Antônio Vieira, Sermão do Bom Ladrão)
15. Em relação ao estilo empregado por Vieira, neste trecho,
pode-se afirmar:
a) O autor recorre ao Cultismo da
linguagem com o intuito de convencer o ouvinte e por isto cria um jogo de
imagens.
b) Vieira recorre ao preciosismo da
linguagem, isto é, através de fatos corriqueiros, cotidianos, procura converter
o ouvinte.
c) Padre Viera emprega,
principalmente, o Conceptismo, ou seja, o predomínio das ideias, da lógica, do
raciocínio.
d) O pregador procura ensinar
preceitos religiosos ao ouvinte, o que era prática comum entre os escritores
gongóricos.
16. A respeito de Pe. Vieira, pode-se afirmar:
a) Embora
vivesse no Brasil, por sua formação lusitana não se ocupou de problemas locais.
b) Adequava os
textos bíblicos às realidades de que tratava.
c)Dada sua
espiritualidade, demonstrava desinteresse por assuntos mundanos.
d) Em função
de seu zelo para com Deus, utilizava-o para justificar todos os acontecimentos
políticos e sociais.
e) Mostrou-se
tímido diante dos interesses dos poderosos.
17. Selecione a alternativa correta em
relação ao seguinte soneto, de Gregório de Matos Guerra:
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e
vinha;
Não sabem governar sua
cozinha,
E podem governar o mundo inteiro
Estupendas
usuras nos mercados,
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Postas nas palmas toda a picardia,
Em cada porta um bem frequente
olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e
esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Todos os que não
furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia."
a) O soneto ressalta uma crítica
aos desmandos das autoridades e à futilidade dos habitantes citadinos.
b) A temática revela reverência em relação àqueles que vivem honestamente sem
ter a necessidade de explorar os mais humildes.
c) Neste poema, o poeta demonstra simpatia em relação aos mestiços,
considerando-os importantes elementos no quadro de miscigenação racial.
d) No soneto evidenciam-se os
bons costumes, a moral elevada dos habitantes do Brasil Colônia e o sentimento
de solidariedade para com o próximo.
e) O poema vincula o autor à temática e aos princípios estéticos europeus ao
elaborar uma poesia satírica voltada para os conflitos do homem barroco.
18. Assinale a alternativa que
apresenta uma afirmativa incorreta em relação ao Barroco brasileiro:
a) A literatura desse período desenvolveu-se
como reflexo do Barroco literário espanhol e português.
b) A evasão no tempo e no espaço, bem como o namoro com a morte, são temas
comuns nos poemas barrocos.
c) Gregório de Matos Guerra é um dos mais
destacados representantes da poesia barroca brasileira.
d) O jogo de claro-escuro, as antíteses, a abundância de pormenores, as
inversões sintáticas violentas são algumas características formais do Barroco.
e) A prosa barroca está representada no
Brasil pela oratória sacra dos jesuítas, destacando-se nela o nome do Padre
Antônio Vieira.
19. Com relação ao Barroco brasileiro,
assinale a alternativa incorreta.
a) Os Sermões, do padre Antônio Vieira,
elaborados numa linguagem conceptista, refletiram as preocupações do autor com
problemas brasileiros da época, por exemplo a escravidão.
b) Os conflitos éticos vividos pelo homem do barroco corresponderam, na forma
literária, ao uso exagerado de paradoxos e inversões sintáticas.
c) A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitos
renascentistas de harmonia e equilíbrio, vigentes na Europa no século XVI, que
chegaram ao Brasil no século XVII, adaptados, então, à realidade nacional.
d) Um dos temas principais do Barroco é a efemeridade da vida, questão que foi
tratada no dilema de viver o momento presente e, ao mesmo tempo, preocupar-se
com a vida eterna.
e) A escultura barroca teve no Brasil o nome de Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho, que, no século XVIII, elaborou uma arte d tema religioso com
traços nacionais e populares, numa mescla representativa do Barroco.
20. Em sua obra, Gregório de Matos
Guerra.
a) Cantou a bravura e a força do colonizador português em poemas épicos
repletos de figuras mitológicas.
b) Louvou a beleza natural do Rio de Janeiro e elogiou a miscigenação racial,
particularmente os casamentos entre brancos e negros.
c) Criticou a escravidão e defendeu a autonomia política da região, submetida à
Coroa Portuguesa.
d) Criticou a vida colonial e ridicularizou membros de quase todos os setores,
das autoridades portuguesas aos escravos.
e) Recordou nostalgicamente sua infância e os membros de sua família (pai, mãe
e irmã).
Gabarito:
01. D 02. D 03. E 04. V, V, V, F, F 05. D
06. A 07. C 08. A 09. V, F, F, F, V 10. V, V, F, V, V
11. B 12. A 13. D 14. E 15. C
16. B 17. A 18. B 19.C 20. D